sábado, 31 de dezembro de 2016

Alien: Out of the Shadows: An Audible Original DramaAlien: Out of the Shadows: An Audible Original Drama by Tim Lebbon
My rating: 5 of 5 stars

Em uma dramatização perfeita, o relato do que ocorre quando Ripley é resgatada, 35 anos após escapar viva de seu encontro com os alienígenas na nave Nostromo. A bordo de duas naves de apoio à mineração em um planeta distante, ela se vê novamente às voltas com seu pior pesadelo. A reprodução da atmosfera do filme Original "Alien" é ótima, tanto nos diálogos, cenas e descrição dos cenários. A sonoplastia é excelente.



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sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

A morte de Hercule Poirot

A morte do detetive teve obituário no New York Times
É possível manter o interesse quando já se sabe que o personagem principal estará morto no desfecho de um romance policial? Se a vítima é Hercule Poirot e a autora é Agatha Christie, sem dúvida. Embora anunciada na capa como "o último caso" do famoso detetive belga,  a trama atraiu a atenção dos incontáveis fãs da escritora inglesa - uma dos autores mais vendidos do mundo -, interessados em saber como seria a despedida de seu herói.

A trama é narrada por Arthur Hastings, velho companheiro de Poirot. Ambos voltam ao local de um antigo crime, descrito em "O misterioso caso de Styles", novela de estreia de Agatha Christie, publicada em 1920. 

O romance tem os exageros característicos da obra de Agatha Christie, como a concentração de assassinatos em uma só lugar, múltiplos suspeitos e motivações. Mas, embora não seja a obra preferida da própria autora, é interessante porque ela teve a coragem de matar seu famoso detetive Hercule Poirot, coisa que o contrariado Arthur Conan Doyle, seu conterrâneo, não pode fazer com Sherlock Holmes. Doyle tornou-se um escritor a serviço de um personagem. 

"Cai o pano" foi escrito em 1940, mas os originais ficaram trancados em um cofre de banco por mais de três décadas. autora  tinha medo de morrer durante a Segunda Guerra Mundial e deixar seus leitores sem um desfecho para seu herói. Agatha Christie autorizou a publicação de "Cai o pano" apenas em setembro de 1974. O livro foi lançado no Brasil no ano seguinte, em edição da Nova Fronteira traduzida por Clarice Lispector.

Lida em mais de 100 idiomas, Agatha Christie morreu em janeiro de 1976, meses após a publicação de seu último livro em vida, justamente "Cai o Pano". Os leitores lamentaram a morte de Hercule Poirot e, logo em seguida, de sua criadora. Ambos eram celebridades, e a perda não foi sentida apenas pelos fãs: o New York Times publicou o obituário do detetive belga na primeira página, com direito a foto. 





terça-feira, 27 de dezembro de 2016

O fantástico nas serras mineiras

Rara edição de 1965 reúne 20 contos do autor mineiro



Elementos da literatura fantástica ja se manifestavam no Brasil no fim da década de 1940, quando Murilo Rubião começou a ter sua obra publicada. O autor não esconde a influência e sua admiração por Machado de Assis, de quem, inclusive, chega a usar como epígrafe um trecho de "Memórias póstumas de Brás Cubas", livre inspiração também para o conto "Memórias do contabilista Pedro Inácio" (não está nessa antologia).

Epígrafes, aliás, antecedem os contos do autor. A maior parte das citações é extraída da bíblia, embora Murilo Rubião tenha declarado em entrevista que a religião católica "mais tarde não me convenceu". Tornou-se agnóstico.

Muito breves, os contos têm como cenário predominante as serras e pequenas cidades da Minas Gerais natal do autor. À paisagem campestre mesclam-se elementos presentes nas obras de Franz Kafka, não apenas na narrativa de situações desconcertantes que envolvem seus personagens como também na transformação de seres humanos em animais, e a metamorfose desses em diferentes espécies.

Tive a sorte de adquirir o volume que ilustra esta nota do escritor, amigo e bibliófilo Oswaldo de Camargo. É uma edição rara, mas a Companhia das Letras lançou este ano uma "Obra Completa" em comemoração ao centenário de nascimento do autor. Vale muito a leitura.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Uma saga emocionante

The RoadThe Road by Cormac McCarthy
My rating: 5 of 5 stars

Um homem, um menino. Sem nomes, sem sobrenatural, sem zumbis. Apenas um pai e seu filho em uma jornada em um cenário pós-apocalíptico, sempre à beira da inanição, permanentemente fugindo da mesma ameaça: outros sobreviventes. Um relato tenso, diálogos tão secos quanto emocionantes, trocas breves de palavras, mas de significado profundo. Excelente leitura.


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Morte, tabu e fascínio

domingo, 11 de dezembro de 2016

Crenças e descrenças

Leitura rápida, divertida. E que faz pensar

Deuses dependem de pessoas que acreditem neles. Essa é a essência de "Pequenos Deuses", obra que com muito humor questiona as motivações das crenças da pessoas, como elas podem ser manipuladas e o que move as religiões (algumas, todas?). Leitura rápida, divertida e capaz de despertar muitas reflexões, desde que o leitor esteja aberto a questionamentos.


sábado, 3 de dezembro de 2016

Gótico de primeira

Autora é mestre no gênero de fazer medo

Shirley Jackson prova em We Have Always Lived in the Castle que é possível construir uma boa narrativa de horror sem recorrer a criaturas sobrenaturais, possessões demoníacas ou casas mal-assombradas. Os três “sobreviventes” dos Blackwood vivem isolados num casarão retirado, hostilizados por toda uma comunidade por conta de um crime que vitimou a maior parte da família.

Não há barulhos noturnos de correntes sendo arrastadas ou sussurros atrás das paredes. A autora vai construindo uma história de psicopatia e loucura. O leitor vai sendo cuidadosamente levado a concluir uma verdade dura demais para ser aceita, mas que se confirma a crua solução do mistério no desfecho da história.

We Have Always Lived in the Castle não está disponível em português, mas vale o esforço de leitura mesmo para quem tem pouca familiaridade com o inglês. Trata-se de uma obra impecável para quem aprecia uma boa narrativa do gênero. Shirley Jackson (1916 – 1965) é a autora de A casa amaldiçoada, levada ao menos duas vezes às telas do cinema e inspiradora de várias obras similares.

Curiosidade (spoiler muito leve): difícil deixar de pensar que a leitura de We Have Always Lived in the Castle não tenha influenciado os roteiristas que criaram Hannah McKay, a viúva negra do seriado de TV Dexter.