sábado, 20 de agosto de 2016

A antologia reúne 22 contos escolhidos pelo autor


Trinta anos da obra do autor britânico são cobertos pela antologia Man in his time: the best science fiction stories of Brian W. Aldiss, que reúne 22 contos escolhidos pelo próprio escritor. A seleção cobre vários temas visitados por Aldiss, da ciência presente ao futuro, distopias, alienígenas e até um toque de humor.

A qualidade das tramas é desigual, a começar de Super-toys las all summer long, conto que Stanley Kubrick programou fazer mas foi executado por Steven Spielberg. O filme Inteligência artificial é melhor do que o texto.

Entre outras narrativas, gostei de All the World's Tears, mas minha história preferida nessa antologia é Last orders. Divertidíssimo, o conto acompanha um policial encarregado de evacuar uma cidade - Londres? - diante da iminência do fim do planeta Terra, que será atingida por um fragmento desprendido da Lua. Encontra um casal bebendo tranquilamente em um bar, e a urgente retirada é a todo momento adiada em um diálogo intercalado por "mais uma dose".

Curiosamente, Arthur Dent e o alienígena Ford Prefect, de Guia do mochileiro das galáxias, dedicam os últimos minutos de sua permanência na Terra - antes de sua destruição - em um pub. A famosa obra de Douglas Adams foi veiculada primeiro como série transmitida pela rádio BBC 4, em 1978. No ano seguinte, foi publicada como livro, transformado em filme em 2005. O conto Last orders foi publicado em 1977.

Minha opção por conhecer a antologia por audiolivro não foi muito boa: a dicção, clareza, entonação e ritmo do narrador Arthur Blake não são dos melhores. Há suspiros no meio da leitura, vazamento de ruídos de páginas viradas e até de Blake engolindo.

sábado, 6 de agosto de 2016

Estímulo à criatividade

Leitura rápida e saborosa; e tem em português

Ray Bradbury transformou praticamente cada episódio de sua vida em um conto, romance, peça teatral ou roteiro. O resultado são dezenas de obras, com destaque para Fahrenheit 451, narrativa de um futuro distópico em que os livros foram banidos por estimular o pensamento crítico nos leitores. A obra foi levada ao cinema por François Truffaut.

Zen e a arte da escrita reúne ensaios em que o autor norte-americano fala de sua rotina de escritor desde a adolescência, de como transformava listas de palavras, acontecimentos banais, amores e ódios em ficção. Bradbury escreveu muito, principalmente ficção científica, mas era um artista versátil. Foi convidado por John Huston para escrever o roteiro da adaptação para o cinema do clássico Moby Dick, de Herman Melville.

Essa coleção de ensaios sobre criatividade é uma leitura rápida e saborosa, como a maior parte dos contos de Bradbury. E fazem pensar um bocado, como alguns títulos de sua obra. O risco desse estímulo ao pensamento crítico é o desejo de transformar experiências e ideias em textos.

Justamente o medo dos regimes fundamentalistas e totalitários que acabam preferindo resolver o “problema” pelo fogo, a 451 graus Fahrenheit.