sábado, 17 de julho de 2010

Um quase encontro com Saramago

Um de meus prazeres é caminhar entre as estantes de uma bela livraria. Se tenho tempo, faço isso em qualquer lugar, ainda que não conheça o idioma local. Um domingo à tarde levei meu sobrinho Caio à Cultura da avenida Paulista para que ele escolhesse o presente de aniversário. Cada um foi para seu canto, até que minha mulher, Fátima, veio dizer que José Saramago estava lá. Corremos comprar seu livro em lançamento, "A viagem do elefante". Pedir um autógrafo era a maneira mais banal de se aproximar do ídolo e cumprimentá-lo.
Saramago estava na livraria para a promoção do novo livro, e comenta isso em seu post de 30 de novembro de 2008. É tudo que tenho daquela tarde, pois o autor sumiu em segundos. Pena, foi minha única oportunidade de conhecê-lo pessoalmente. Eu ia comprar o livro de qualquer maneira, mas, ao passar pelo caixa com toda a compra, mais tarde, acabei pagando por ele novamente.
Fátima notou o equívoco; falei com o caixa e com a supervisora. Foi constrangedor ouvi-la argumentar, na frente do Caio, que mil unidades do livro haviam sido compradas, e seria preciso confrontar as vendas antes de me reembolsar. Pois é, eu poderia ter saído com o primeiro livro, ter dado um golpe e estava tentando levar outro na faixa. Menos pela grana do que por essa desconfiança, insisti no reembolso, que foi feito semanas depois com toda a atenção pela Livraria Cultura. Fora má vontade isolada de uma funcionária.
Semana passada li o post de Saramago sobre a Livraria Cultura, e sobre muitos outros assuntos. Como ele tinha tempo para tudo, e ainda um blog? Foi a inspiração para começar esse espaço. Há muita coisa que não cabe apenas nas conversas, ou nos textos profissionais. Se elas ficam só conosco, nos consomem. Têm de ser colocadas para fora.
Aí está.