sábado, 2 de maio de 2015

Cheiro de Goiaba

O aroma dessa goiaba é irresistível
Há quem rejeite a fruta por receio de comer o bicho, e tem gente que nem sequer suporta seu cheiro. Mas para quem boa literatura é um prazer, esse Cheiro de Goiaba não pode passar despercebido.

Publicado em 1982, o livro é a transcrição de longas conversas de Gabriel García Márquez com seu amigo e conterrâneo Plinio Apuleyo Mendoza. O vilarejo natal, a família, a descoberta de suas raízes culturais, uma mescla dos índios da região da costa do Mar das Antilhas com os avós da Galícia e os negros trazidos de Angola.

No ritmo das conversas boêmias que marcaram sua juventude, Márquez lembra das longas tardes lendo poesia sentado no banco de um bonde, quando contava com a companhia dos livros contra a solidão. Fala como tantos autores (e os principais deles) influenciaram sua obra, as inspirações originadas em situações que viveu e até no peso da geografia na criação de personagens.

Pessoas e episódios da vida do autor que inspiraram inesquecíveis personagens de seus contos e romances são lembrados, assim como as dificuldades enfrentadas até sua obra começar a ser reconhecida - após tantas recusas de boas editoras, um caso clássico no mercado editorial. Mendoza registra momentos em que Gabo chorou, um menino de 13 anos sozinho em uma Bogotá muito diferente de sua Aracataca tropical, ou um homem maduro cruzando uma ponte do rio Sena, em Paris, financeiramente quebrado. 

Cheiro de Goiaba dedica um capítulo às amizades de Márquez com autores como Grahan Greene e às suas opiniões políticas. Gabo, que foi amigo pessoal do general Omar Torrijos, homem forte do Panamá, do presidente francês François Mitterrand e de Fidel Castro, acaba contando indiscrições, como revelar que o líder cubano "é um leitor voraz, amante e conhecedor muito sério da boa literatura de todos os tempos".



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