domingo, 26 de abril de 2015

Truman Capote em preto e branco

O livro traz um capítulo sobre a filmagem de A sangue frio
Desabafando sobre as críticas a seu trabalho com o escritor francês Andre Gide, Truman Capote ouviu do amigo, a título de conselho, o provérbio árabe "os cães ladram e a caravana passa". É a origem do título dessa coletânea de reportagens, perfis rápidos, memórias e reminiscências do escritor, jornalista e dramaturgo norte-americano.

Capote não evitava a polêmica, nem poupava ninguém de uma palavra maldosa. Por isso os cachorros latiam forte em sua direção. Mesmo a obra que tomou seis anos da sua vida e o consagrou, A sangue frio, foi objeto de censura por parte de quem acreditava ser inadequado colocar tanto detalhamento e análise sobre um crime que chocou os EUA: o assassinato brutal de quatro pessoas de uma família de uma cidadezinha rural.

Capote investigou todos os passos dos dois criminosos, até sua execução. A sangue frio é considerada a primeira obra de jornalismo literário. Os cães ladram - pessoas públicas e lugares privados traz um texto sobre a participação do autor na filmagem da obra.

Traz, ainda, uma boa visão da vida de Capote, que viajou o mundo ora para entrevistar Marlon Brando em Kyoto, no Japão, ora para acompanhar a trupe de Porgy and Bess na viagem de trem de 1.700 km, entre Berlim Oriental e Leningrado. O relato em primeira pessoa da jornada e da apresentação da ópera em território soviético em plena Guerra Fria, no inverno, é especialmente saboroso.

Capote é o filme que conta a vida do autor e rendeu o Oscar de melhor ator a Philip Seymour Hoffman no papel-título. Ver esse filme e ler Os cães ladram é uma boa maneira de conhecer melhor o escritor. Mas ler A sangue frio é indispensável.

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