sábado, 14 de fevereiro de 2015

Quer mesmo ir para Marte?

Vida de astronauta está longe de ser fácil
Mais de 10 mil brasileiros se inscreveram para uma viagem sem volta. O destino é o planeta Marte, distante no mínimo 60 milhões de km da Terra. No total, mais de 200 mil pessoas de 140 países se candidataram a uma vaga no projeto de colonização organizado pela empresa Mars One, da Holanda. A partida da viagem de sete meses está prevista para 2022. Os 24 voluntários escolhidos terão como missão colonizar o planeta, onde até hoje chegaram apenas sondas robotizadas.

Não sei quantas dessas pessoas leram Packing for Mars: The Curious Science of Life in the Void, publicado no Brasil pela Editora Paralela como Próxima parada: Marte - curiosidades sobre a vida no espaço, de Mary Roach. Jornalista dos Estados Unidos, a autora explora abordagens originais sobre temas científicos. Apura muitas informações, se envolve pessoalmente, escreve bem e com humor.


O título em português chegou em 2013, três anos depois do original

Para Packing for Mars, Mary entrevistou astronautas, agências espaciais, estudiosos da vida em ambientes sem gravidade e participou de simulações de convívio em isolamento. O texto mostra um lado pouco explorado dos super-heróis espaciais, elite que, no fim das contas, continua sendo formada por seres humanos: enjoam, reclamam de comida que não varia e tem de ir ao banheiro.

Você fica sabendo, entre outras coisas, que roncar ou ter mau hálito são nota de corte para quem sonha ser astronauta. Ou como a sensação de "queda" constante, a mais de 28 mil km/h, mexe com a cabeça das pessoas em órbita durante os "passeios espaciais". E como uma viagem longa, como ir para Marte, vai acrescentar novos desafios psicológicos. Afinal, estando em órbita os astronautas estão vendo a Terra. Ao se afastar, vão mergulhar na escuridão.

Ainda menino, ficava fascinado com as imagens de astronautas semideitados em suas diminutas cápsulas, depois quando eram recolhidos pelo resgate em mares revoltos. Eu desenhava os foguetes, e fazia de um armário embutido minha cápsula: punha as pernas sobre o gaveteiro, fechava a porta e viajava pela galáxia. Boa fantasia de criança, mas não tão criativa que me fizesse chegar nem remotamente perto dos desconfortos descritos em Packing for Mars. Que bom.

Nenhum comentário:

Postar um comentário