quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

The killing

O desafio: buscar pistas sem prejulgamentos e preconceitos
Um serial killer pode ser executado à margem da lei? Um bandido pode ser legalmente executado pelo estado sem ser de fato o culpado pelo crime que o condenou à pena de morte?

Esses são apenas alguns dos dilemas morais com que você será confrontado por The killing, seriado em 44 episódios apresentados em quatro temporadas entre 2011 e 2014, em canais de TV paga no Brasil e agora disponível na Netflix. The killing é a versão produzida nos EUA, baseada no seriado dinamarquês Forbrydelsen, que foi ao ar entre 2007 e 2012 em 40 episódios.

Não se trata de só mais uma dupla de detetives investigando crimes em uma cidade grande, no caso Seattle, no estado de Washington, EUA. Como não se trata também de mais uma série revelando o submundo oculto do cotidiano de trabalhadores cidadãos "de bem". Muitos desses cidadãos podem não ser tão insuspeitos.

Há outras camadas em The killing, expondo a falência da sociedade diante do problema das drogas, o jogo político-eleitoral, o impacto do crime em uma família, as motivações de um policial envolvido em uma investigação. Ou como julgamentos precipitados podem levar a injustiças.

Não vi a série original da Dinamarca, também exibida em TV paga. Há quem a prefira, mas The killing também foi muito reconhecida por crítica, público e recebeu vários prêmios.

Para ser feita nos EUA pela produtora canadense Veena Sud, deram um tom escandinavo com a contratação de Joel Kinnaman, ator sueco radicado na América do Norte. No papel de Stephen Holder, um  policial tentando se livrar do vício em metanfetamina (alô, Heisenberg!), ele faz dupla com a detetive Sarah Linden, interpretada pela boa atriz Mireille Enos.

Aqui, vale ressaltar a originalidade dos produtores de The killing, ao ter a coragem de escalar uma mulher quase feia - a maquiagem enfatiza os traços menos favoráveis de Mireille -, que ainda usa roupas nada elegantes, tem um andar desajeitado e dispensa o cabelinho escorrido característico das heroínas da TV em prol de um rabo de cavalo feioso.

The killing - e Forbrydelsen, garante quem assistiu - honra a tradição de romances policiais produzidos nos países escandinavos, fenômeno exposto pelo sucesso da trilogia Millenium, do sueco Stieg Larsson. Sua biografia, escrita por Jan-Erik Pettersson, amigo do autor, acaba sendo um grande retrato da enorme produção de romances policiais na Suécia, na Noruega e na Dinamarca.

Em tempo: Millenium terá a sequência de um quarto livro, dos dez que Stieg Larsson, prematuramente morto, planejara. A biografia escrita por Pettersson não é completa. Mas quem tem admiração pelo jornalista e escritor sueco pode conferir na edição em português, de 2010, da Companhia das Letras.

Sarah Lund, a detetive do seriado original dinamarquês Forbrydelsen




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