O desafio: buscar pistas sem prejulgamentos e preconceitos |
Esses são apenas alguns dos dilemas morais
com que você será confrontado por The
killing, seriado em 44 episódios apresentados em quatro
temporadas entre 2011 e 2014, em canais de TV paga no Brasil e agora disponível na
Netflix. The killing é a
versão produzida nos EUA, baseada
no seriado dinamarquês Forbrydelsen, que foi ao ar entre 2007 e 2012 em 40 episódios.
Não se trata de só
mais uma dupla de detetives investigando crimes em uma cidade grande, no caso
Seattle, no estado de Washington, EUA. Como não se trata também de mais uma
série revelando o submundo oculto do cotidiano de trabalhadores cidadãos "de bem". Muitos desses cidadãos podem não ser tão insuspeitos.
Há outras camadas
em The killing,
expondo a falência da sociedade diante do problema das drogas, o jogo político-eleitoral,
o impacto do crime em uma família, as motivações de um policial
envolvido em uma investigação. Ou como julgamentos precipitados podem levar a injustiças.
Não vi a série original da Dinamarca, também
exibida em TV paga. Há quem a prefira, mas The killing também foi muito reconhecida por crítica, público
e recebeu vários prêmios.
Para ser feita nos EUA pela produtora canadense
Veena Sud, deram um tom escandinavo com a contratação de Joel Kinnaman, ator sueco radicado na América
do Norte. No papel de Stephen Holder, um policial tentando se livrar
do vício em metanfetamina (alô, Heisenberg!), ele faz dupla com a detetive Sarah
Linden, interpretada pela boa atriz Mireille Enos.
Aqui, vale ressaltar
a originalidade dos produtores de The killing, ao ter a coragem de escalar uma mulher quase feia
- a maquiagem enfatiza os traços menos favoráveis de Mireille -, que ainda usa roupas nada
elegantes, tem um andar desajeitado e dispensa o cabelinho escorrido característico
das heroínas da TV em prol de um rabo de cavalo feioso.
The
killing - e Forbrydelsen, garante quem assistiu - honra a tradição de romances policiais produzidos
nos países escandinavos, fenômeno exposto pelo sucesso da trilogia Millenium,
do sueco Stieg Larsson. Sua biografia, escrita por Jan-Erik
Pettersson, amigo do autor, acaba sendo um grande retrato da enorme produção de
romances policiais na Suécia, na Noruega e na Dinamarca.
Em tempo: Millenium terá a sequência de um quarto livro, dos dez que Stieg
Larsson, prematuramente morto, planejara. A biografia escrita por Pettersson não é completa. Mas quem tem admiração pelo jornalista e escritor sueco pode conferir na edição em português, de 2010, da Companhia das Letras.
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