quinta-feira, 19 de maio de 2016

"O cão é que morreu"

A obra foi adaptada três vezes para o cinema

O texto de Somerset Maugham é fluido e elegante. Adultério, mentiras, falsidade e amores frustrados cercam os personagens principais. As fortes emoções que envolvem Kitty Fane são descritas com apuro, e fazem do leitor um refém da angústia que afeta não só a protagonista da trama, mas todos que estão ao seu redor.

Em meio a decisões extremas e uma epidemia de cólera que dizima a população na China rural, a bondade – segundo o autor – parece sobreviver apenas em um convento de devotadas freiras que cuidam dos pobres chineses doentes.

O véu pintado é uma história de arrependimento, com passagens de folhetim que justificam o fato de ter sido adaptada três vezes para o cinema. Como pano de fundo para o drama, valem as descrições vívidas que o autor faz da paisagem e das pessoas. Já um escritor de sucesso, Maugham pôde viajar para o oriente, no momento em que o Império Britânico dominava a Índia e várias regiões da China, como Hong Kong. É lá que a trama começa, temperada com sexo de uma maneira que chocava a sociedade de 90 anos atrás, quando o livro foi lançado.

O véu pintado vale a leitura, especialmente para quem aprecia um bom drama. Mas está longe de ser a melhor obra do autor. Atente para a citação “The dog it was that died”, colocada com talento na boca de um personagem em um momento trágico. O melhor momento do livro.


Para quem optar pelo audiolivro, a narração de Sophie Ward é impecável. 

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