sábado, 6 de abril de 2019

Malagueta, Perus e BacanaçoMalagueta, Perus e Bacanaço by João Antônio
My rating: 5 of 5 stars

Alguém pode afirmar que conhece de fato a cidade onde vive? Saiu de seus caminhos e destinos habituais para conhecer os bairros de má reputação, a pobreza, a miséria conhecida apenas pelo noticiário da TV, as pessoas com as quais não se quer cruzar na calçada, aquelas que em grupos num shopping viram notícia?

Pois é uma São Paulo assim que João Antônio revela em "Malagueta, Perus e Bacanaço". Em nove contos, o livro acompanha a vida dos desfavorecidos, vagabundos e malandros da cidade no fim dos anos 1950 e início da década de 60. O autor usa a linguagem da periferia e a gíria da malandragem com propriedade, pois ele mesmo esteve muito próximo de seus personagens. Frequentou salões de sinuca onde se misturavam os "otários" que perdiam dinheiro para os jogadores de sinuca cheios de picardia, desocupados, prostitutas, alcoólatras e policiais corruptos.

João Antônio descreve uma São Paulo romântica, iluminada por lâmpadas de luz amarelada, onde "carros de preço" nem fazem parte da ambição dos operários de baixo salário e desocupados. A alternativa é andar, caminhar muito. Ou, quando as coisas estão melhores, pegar um "carro de praça". E o leitor é levado junto, por bairros conhecidos e ruas suspeitas de uma cidade onde as drogas da época eram a cachaça e a maconha, que deixava as pessoas "loucas".


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