Coletânea reúne oito contos do escritor argentino
Como a vida se reorganiza em um incrível e inexplicável congestionamento em uma rodovia francesa é o conto de abertura dessa coletânea lançada em 1966. Um ponto alto no trabalho de Julio Cortazar, "Todos os fogos o fogo" reúne em oito contos toda a habilidade com que o escritor entrecruza personagens e tramas em tempos e espaços distantes. De uma ilha caribenha que vive uma revolução - no relato literário-jornalístico "Reunião" - a uma trágica história de amor que perpassa os séculos e dá título ao livro.
Com ou sem pinceladas de realismo fantástico Cortazar tem o enorme talento de deixar o leitor desconcertado, como nos contos "A ilha do meio dia" e "Instruções a John Howell". Melancolia e tristeza estão presentes em narrativas que falam de amor e morte, como "A saúde dos doentes", ou no dolorido "Senhorita Cora", meu conto preferido nessa coletânea. Cortazar dá uma aula sobre como transitar a narrativa em primeira pessoa de um personagem a outro.
Editado pela BestBolso, selo da Best Seller, do grupo Record, "Todos os fogos o fogo" tem tradução competente de Gloria Rodriguez. A edição de tamanho compacto, porém, é impressa em papel com alguma transparência. A vantagem é que o livro pode ser comprado pelo preço de uma revista na banca.
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