sábado, 21 de dezembro de 2019

A Fugitiva (Em Busca do Tempo Perdido, #6)A Fugitiva by Marcel Proust
My rating: 5 of 5 stars

O protagonista de Proust sofre com a dúvida se o que sentia por Albertine era amor - ou ainda pode ser. Sofre de ciúmes com suspeitas do que sua jovem amiga poderia ter feito no passado - ou mesmo durante o período em que viveu em sua casa. E sofre com a incerteza sobre a sexualidade de Albertine. Enfim, sofre continuamente, e leva o leitor a acompanhar suas reflexões atormentadas.

E "A fugitiva", Proust continua o relato sobre as desprezíveis intrigas na aristocracia parisiense, os jogos de interesse e mesquinharias. Mesmo seu personagem conta com o poder econômico como "argumento" para atrair a amante de volta ao seu controle.

A questão do homossexualismo se apresenta ainda com mais força no relato. E o envolvimento com meninas mais jovens. Subversivo, mesmo levando em conta a publicação ter sido feita há mais de 90 anos.

"A Fugitiva" tem espaço ainda para considerações até sobre diplomacia e geopolítica. Mas Proust mantém seu olhar, privilegiado, cuidadoso e atento às artes, reforçado quando da visita do protagonista a Veneza. E não economiza poesia ao falar das emoções despertas pela literatura:

"Às vezes, a leitura de um romance um pouco triste me reconduzia bruscamente para trás, porque certos romances são como grandes lutos momentâneos, abolem o hábito e põem-nos novamente em contato com a realidade da vida, mas somente por algumas horas, como um pesadelo; porque as forças do hábito e o esquecimento que elas produzem, com a alegria que nos restituem pela impotência do cérebro em lutar contra elas e em reconstituir a verdade, vencem esmagadoramente a sugestão quase hipnótica de um belo livro, que, como todas as sugestões, tem efeito brevíssimo."


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