domingo, 10 de dezembro de 2017

Pinhead caiu no ridículo

Parece que ter virado boneco colecionável desmoralizou o personagem

Clive Barker foi inovador ao criar a figura assustadora dos Cenobitas, mas em "Evangelho de Sangue", seu último romance (2011) parte para uma aventura juvenil. Em uma abordagem demasiadamente clichê do tipo "bem contra o mal", um time de sensitivos resolve resgatar uma integrante do grupo, sequestrada por Pinhead e levada para o inferno.

Os intrépidos vigilantes do bem encontram um inferno em que funcionários públicos, policiais e burocratas usam uniformes, com suas respectivas cores. Ou seja, nem precisavam ter saído da Terra para encontrar gente de má vontade uniformizada. Mas é preciso resgatar a amiga, e acabam se vendo dentro de um rebuliço por conta do golpe de estado promovido por Pinhead (de novo: precisavam ter saído daqui?).

À sua costumeira aposta na escatologia e na descrição pormenorizada das torturas inflingidas às vítimas, Clive Barker acrescenta pormenorizadas descrições de maus cheiros. Nisso o autor é muito bom, mas cai no ridículo ao incluir a todo momento diálogos pueris, que beiram o ridículo levando-se em conta a situação - e o local - em que os personagens se encontram.

Me parece que ter virado boneco Funko Pop fez muito mal a Pinhead.

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