sábado, 17 de outubro de 2015

Pense fora da caixa

Receitas para ser mais criativo
Qual seria a maneira mais eficaz de converter a cobrança de um pênalti em gol?

Mesmo quem só vê futebol em Copa do Mundo sabe que a "penalidade máxima" pode decidir campeonatos (Zico, Roberto Baggio e Palhinha que o digam). Olhando pela perspectiva de quem tem de evitar o gol, O medo do goleiro diante do pênalti é um filme de Wim Wenders de 1971, baseado em roteiro do escritor austríaco Peter Handke.

Lamento pelos goleiros, mas queremos fazer o gol. E Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner baseiam-se na análise dos fatos bem à maneira "freak" que os consagrou para concluir que o ideal é, friamente, chutar a bola no centro do gol, onde o goleiro aguarda. Ele não vai estar mais lá, e a bola entra.

O jornalista e escritor Dubner e seu parceiro, o economista Levitt, seguem a linha de Freaknomics e SuperFreaknomics em Pense como um Freak - Como pensar de maneira mais inteligente sobre quase tudo, seu lançamento mais recente. Como no livro de estreia, em 2005, o subtítulo "O lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta" já resume a proposta da obra da dupla.

Quem acompanha o trabalho dos dois pode não se animar muito com a leitura do novo título. Vários dos temas vem sendo explorados pela dupla em publicações no blog e podcasts. As ideias não surpreendem como quando ouvidas ou lidas pela primeira vez.

A proposta de Pense como um Freak, no entanto, é mais a de orientar o leitor sobre como sair do lugar comum, evitar as conclusões óbvias e ser mais criativo. Sim, lembra autoajuda em muitos momentos, mas o fato é que Levitt e Dubner são originais, criativos e, não raro, polêmicos, ao abordar questões como o aborto ou levantar a discussão sobre se os jovens deveriam pagar de volta aos pais a educação que receberam.

Logo no começo do livro, os autores alertam para a armadilha de nos apegamos ao que acreditamos, nos fechando para as novas ideias que contrariam nossas crenças e certezas. É sempre bom ser lembrado disso. "Divertir-se no trabalho" e "ver os problemas de perspectivas diferentes" são "dicas" da dupla que você já pode ter lido ou ouvido muitas vezes.

O livro se torna mais saboroso quando sugere estarmos atentos à "hora de desapegar", nos lembra quão eficiente pode ser "contar histórias" ou pensar e agir como as crianças. Elas, afirmam os autores, não têm medo de sizer "não sei", pensar no óbvio, não reagem a dogmas como os adultos e são naturalmente curiosas.

Em tempo: Albert Camus e Vladimir Nabokov, dois escritores muito admirados por mim, foram goleiros em algum momento de suas vidas. Melhor que tenham se tornado referência por seu talento na escrita, e não pela habilidade com a bola. Prefiro contar com seus livros na estante.

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